A 25 de Agosto de 1964, o Cardeal Cerejeira passou o decreto que criou a Paróquia de Campelos e que entrou em vigor a 7 de Outubro do mesmo ano onde se pode ler que “a nova Paróquia de Santo António de Campelos, com sede na capela do lugar de Campelos e com os mesmos limites da freguesia civil já existente, (…), e dar-lhe por orago Santo António de Lisboa.”
Até ao estabelecimento da paróquia, os Campelenses procuraram dar resposta à sua vida cristã em localidades próximas. Contribuiu para a constituição da Paróquia o facto de a 25 de Julho de 1963 a Junta de Freguesia de Campelos e o Pároco de Santa Maria do Castelo de Torres Vedras, Padre Joaquim Maria de Sousa, pedirem ao senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Cerejeira, a criação da Paróquia de Campelos.
Como escreveu o senhor Cardeal Patriarca Dom Manuel Clemente, à data de edição do livro “Memória e História da Paróquia de Campelos” bispo auxiliar do patriarcado de Lisboa, a paróquia de Campelos “ilustra no seu caso particular o que sucedeu em termos sociais, culturais e religiosos nesta florescente zona estremenha. (…) Campelos foi das últimas [paróquias] a demarcar-se, sem que tal alterasse a sua identificação original com o conjunto das [paróquias] vizinhas”.
Mais importante que os espaços físicos foi e são os valores transmitidos, a união e o amor à terra, a aprendizagem e a prática de vida em comunidade.
Os textos, que se seguem, foram adaptados do livro Memória e História da Paróquia de Campelos (2006) de José Damas Antunes
Pela informação de que hoje dispomos, julga-se que o casal mais antigo da freguesia terá sido o Casal da Amieira, próximo da Cabeça Gorda. Ao que tudo indica já existia no século XIV e os seus habitantes teriam a prática religiosa na Igreja de A dos Cunhados.
Outros casais antigos eram o de São Gião e o de Albergarias, próximos da Quinta do Bom Sucesso, a caminho do Outeiro da Cabeça, para estes a prática religiosa ou era na Moita dos Ferreiros ou, maioritariamente, em S. Lourenço dos Francos, o que é patente nos registos paroquiais de finais do Século XVI.
Da mesma altura vários documentos demonstram que Gaspar Campello e a sua mulher, Jacinta da Cunha, proprietários da Quinta do Campello, (hoje o autor do livro julga que há engano na transcrição do pergaminho, defendendo ser Vicência da Cunha a esposa do Gaspar e Jacinta a sua filha) foram padrinhos, entre 1585 e 1606, em cerimónias realizadas na Igreja de São Lourenço dos Francos.
Na Quinta do Campello existiu uma Ermida dedicada a Nossa Senhora da Paz, para a qual os seus proprietários pediram autorização para se realizarem missas, a prova encontra-se num documento da Colegiada de Santa Maria, datado de 1587, que está na Torre do Tombo. É desta quinta que tem a origem a localidade de Campelos.
Dizem os antigos que no local hoje conhecido como Santo António, junto a Campelos, existiu uma capela da qual foram utilizados materiais para construir as habitações mais antigas da localidade. Crê-se que esta capela de que os antigos falam é a Ermida da Nossa Senhora da Paz pertencente à propriedade de Gaspar Campello. Através de outros documentos pode-se verificar que parte da Quinta do Campello pertenceu ao Convento da Graça de Torres Vedras, que após a extinção das Ordens Religiosas, tendo sido adquirido em 1851 pela quantia de 300 mil reis por António Luís residente no lugar dos Campellos.
Do Século XVIII, há um pedido dos moradores da atual área da freguesia de Campelos, para serem fregueses de São Lourenço dos Francos. Este documento está transcrito no livro de registos de baptismos número dois da Paróquia de Santa Maria do Castelo, de Torres Vedras, na página 145.
No livro de Madeira Torres «Descrição histórica e Económica da Vila e Termo de Torres Vedras», publicado em 1862, lê-se que a paróquia de Santa Maria do Castelo, no ano de 1859, tem 210 fogos e 741 almas dos quais cinco lugares fora da vila onde se inclui Campêllos. Os casais nomeados desta área geográfica são: Amieira, Lage, Rijo, Oliveiras, São Gião das Matas e Rocio. Já nas atas da Câmara Municipal de Torres Vedras, porque houve tempo em que a Junta da Paróquia era nomeada pela autarquia, encontram-se designados para a Junta da Paróquia de Santa Maria de Torres Vedras vários cidadãos de Campelos e dos Casais do Rijo.
O local de culto público mais antigo da Paróquia de Campelos é a Igreja de Santo António, que ainda se encontra aberta ao culto.
O templo foi construído entre os anos de 1905 e 1910. O impulso para a edificação da Igreja foi dado pelo pároco, e simultaneamente presidente da Câmara de Torres Vedras, o Cónego e Comendador António Francisco da Silva que nomeou quatro campelenses para constituírem uma comissão e pedirem um subsídio ao Ministério das Obras Públicas no valor de 300$000 réis. O auxílio monetário foi aprovado a 11 de Dezembro de 1905. O terreno para construir a Igreja foi comprado pelo pároco por 18$000 réis.
A capela foi inaugurada e consagrada a Santo António, numa segunda-feira, dia do seu padroeiro, 13 de Junho de 1910. Mas também devia ser conhecida por Capela do Senhor Jesus, pois é este o nome que está no Inventário dos bens da Igreja de Santa Maria, elaborado em Junho de 1913, para cumprimento da Lei de 1911, da Separação do Estado das Igrejas.
De 1970 a 1979 a igreja de Santo António recebeu o primeiro restauro. O segundo teve lugar entre 1983 e 1985. Entre 1992 e 1995 foram realizadas as obras de maior restauro arquitetónico e paisagístico que nos dão a imagem que hoje tem.
Realça-se que a Igreja de Santo António, a par do cemitério, é o primeiro equipamento público na área da freguesia de Campelos. A existência deste templo foi indispensável para a criação da freguesia o que aconteceu a 24 de Novembro de 1945. Mas só passados 54 anos Campelos é criada paróquia.
Para a consolidação da comunidade cristã a população juntou-se para construir uma residência para o pároco. Apesar de se desconhecer a data da edificação da casa paroquial, que os mais idosos dizem ser por volta de 1930, sabe-se que o terreno foi oferecido por Luís António. Antes da existência da residência alguns padres viveram na casa do António da “Albergaria”.
Supõem-se que o primeiro sacerdote a viver na casa paroquial foi o Padre António Lima. Foi também na casa paroquial que funcionou o posto escolar de Campelos de 1936 a Outubro de 1949, data em que a escola entrou em funcionamento.
A atual casa paroquial, junto à primeira, foi construída entre 1964 e 1966. Já sofreu várias obras de remodelação.
Antes da existência de um cemitério em Campelos os funerais realizavam-se tanto em São Lourenço dos Francos como em Santa Maria do Castelo.
Relembramos que falamos de séculos anteriores ao XXI quando as acessibilidades que hoje conhecemos não existiam e a deslocação para Torres Vedras fazia-se de Burro pelo que levavam várias horas a concretizar uma viagem.
Não se conhece em pormenor como se desencadeou o processo de construção do cemitério, mas deduz-se que tenha partido da comissão de melhoramentos de Campelos, que tinha como propósito dotar a localidade de equipamentos coletivos fundamentais para o desenvolvimento de Campelos e fazer com que, simultaneamente, a localidade adquirisse o estatuto de freguesia.
Em Janeiro de 1934 é aprovada, pelo Governo, a construção do cemitério. No mesmo ano em Novembro as obras estavam concluídas e custaram 10.948$30 escudos. Em Fevereiro de 1935 foi autorizada a abertura do cemitério, que foi benzido pelo Padre Manuel António Vieira, também conhecido por Padre Pistola.
O cemitério foi ampliado em 1982 e 2012.
Em 1940 foi lançada a primeira pedra da construção do templo que existe na Cabeça Gorda. Dez anos depois, e com a capela ainda em construção, a Igreja começou a servir para culto. A inauguração do templo realizou-se em 15 de Agosto de 1954 e foi benzido pelo Arcipreste Padre Joaquim Maria de Sousa, contou também com a presença do presidente da Câmara de Torres Vedras e do Governador do Distrito.
A Igreja de Nossa Senhora de Fátima sofreu obras de ampliação que decorreram de 1985 a 1987.
Em 1969 foi escolhido o local e elaborado o projeto de arquitetura da igreja nova de Campelos. No ano seguinte a comunidade comprou o terreno e começaram as obras.
Em Dezembro de 1970 foi benzida a primeira pedra pelo Arcebispo de Mitilene e Vigário Geral do Patriarcado de Lisboa, Dom António Monteiro. A conclusão das obras aconteceu em 19 de Dezembro de 1976 e a Igreja foi benzida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa Dom António Ribeiro.
Em 1989 este templo teve obras de melhoria e adaptação. Já entre os anos de 1997 e 2001 foi realizada obras de grande reparação.
As diligências para a construção do templo iniciaram-se em 1988, tendo sido aprova a construção em 1990 pelo Patriarcado de Lisboa.
A primeira celebração eucarística teve lugar no mesmo ano em Setembro com a igreja em obras.
As obras duraram sete anos e a 14 de Julho de 1996 a igreja foi inaugurada e abençoada por Dom António Ribeiro.
Mesmo antes de nascer o Centro Social e Paroquial a paróquia já realizava apoio a pessoas carenciadas. Para responder a todas as necessidades em 1991 foi emitido um decreto pelo Patriarcado de Lisboa que criava oficialmente a instituição.
No ano de 1999 o Centro Social e Paroquial foi reconhecido pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional como empresa de inserção social.
Em 2004 deu-se início ao projeto que criou o espaço que hoje existe.
O Centro Pastoral de Campelos começou a ser edificado em 2003, ainda está em obras, e entrou em funcionamento em 2004. É um edifício que vai sendo concluído conforme a disponibilidade monetária da paróquia.
O rés-de-chão do Centro Pastoral recebe a cozinha social do Centro Social e Paroquial de Santo António de Campelos e no primeiro piso várias salas de catequese e uma sala ampla multifuncional. Mas muitos conhecem o espaço, somente, como sendo o restaurante da Festa Anual.
Ambas as capelas são pertença dos Lares que estão na área geográfica da Paróquia e foram criadas com a intenção de oferecerem aos utentes das instituições, e demais população que as visitam, a celebração da eucaristia.
A Capela de Santo António está localizada no Lar de Santo António de Campelos e serve também de casa mortuária para os utentes que falecem naquela instituição.
A Capela de Nossa Senhora da Piedade pertence ao Lar de Nossa Senhora da Piedade da Cabeça Gorda.